sábado, 6 de agosto de 2011

Dia 8: San Biagio, Orvieto, Civitá di Bagno Regio, Viterbo

Depois do pequeno almoço fantástico no hotel Sangallo, em S. Albino di Montepulciano, fomos visitar a igreja de San Biagio no sopé do monte que alberga Montepulciano. Esta, tal como há 2 anos, deixou-nos pasmados com a sua beleza e, ao mesmo tempo, com o abandono (por parte dos fiéis/religiosos e não em termos de conservação) a que está votada. À saída de San Biagio, numa estrada ladeada por árvores, íamos atropelando um bonito e farfalhudo esquilo preto. Não atropelámos e o pequenito lá trepou, saltitante, a árvore mais próxima. Seguimos viagem saindo da Toscana e entrando na Umbria, com destino à bela Orvieto que, além de ser uma terra muito bonita, tem uma Catedral estrondosa, um dos mais perfeitos exemplos do gótico em Itália, de acordo com os especialistas. Almoçámos na Trattoria La Grotta que, não sendo barata, mas penso que por ali barato era difícil, era muito boa. Fomos então, acompanhados de uma guia e de um exército de turistas norte-americanos, visitar as grutas etruscas. De acordo com a explicação, a cidade de Orvieto foi construída por cima de uma cidade etrusca (também esta construída por cima de uma civilização anterior), e hoje existem algumas centenas de grutas que "contam a história" de como viviam os etruscos há milhares de anos. Essas grutas serviam para a criação de pombos - para consumo e extracção do excremento dos animais - e também para fins de habitação, religiosos e de preservação no frio. A diferença de temperatura era brutal, entre o exterior (mais de 35ºC) e o interior das grutas (uns frescos 15ºC). Observámos também um dos poços profundos usados para extrair a água, uma abertura quadrada diminuta e praticamente perfeita, atingindo quase meia centena de metros, escavada manualmente pelos etruscos - povo pequenino. Actualmente podemos visitar apenas 2 destas grutas, apesar de existirem centenas na cidade, as restantes pertencem a propriedades privadas e são usadas como caves para os óptimos vinhos da região.

Depois de sair de Orvieto, seguimos para a única Civitá di Bagnoregio, uma maravilhosa cidade (também de origem etrusca), a que só se pode chegar de uma forma, atravessando uma longa ponte a pé. Ficámos a saber que a cidade esteve, até ao século XIX, ligada à vizinha Bagnoregio por um cordão de terra mas que este acabou por ruir, passando a cidade a ser conhecida como 'la cittá che muore' (a cidade que morre), depois construíram uma ponte de madeira que teve o mesmo destino e, só em 19..., se construiu o acesso actual. A maioria das casas da cidade foram abandonadas pelos seus habitantes devido às dificuldades que implica morar lá, estando a cidade totalmente vedada aos automóveis - circulam apenas algumas pequenas motas. No entanto o governo italiano decidiu preservar todas elas, de modo a deixá-las com "aspecto habitado" e manter a cidade aberta para o turismo. Assim nota-se que os habitantes locais são muito poucos (moram lá 15 pessoas no Inverno e cerca de 100 no Verão). Existe a igreja de San Donato, plenamente funcional, onde entrámos a meio de uma qualquer cerimónia ou ensaio, um café/supermercado, e mais uma ou outra lojinha de souvenirs. Também por lá se encontra uma minúscula gruta etrusca que visitámos por 2 euros (1 por pessoa), com vestígios do modo de vida e da produção tradicional - e caseira - de vinho e azeite. Ainda assistimos, enquanto tomávamos uma 'birra', a uma cena encantadora. Um senhor brincava com 4 jovens (3 raparigas e 1 rapaz) enquanto entoavam uma cantilena em sua volta. Riam, corriam, enfim uma diversão pegada, tanto que houve alguns deles que choraram ao ter que ir embora. Adoramos a forma como eles em Itália deixam as crianças ser crianças. Com a tarde a dizer-nos adeus rapidamente, saímos de Civitá apaixonados e com vontade de ficar lá para jantar, prosseguindo para a terrinha planeada para a noite, Viterbo.
Esta viria a revelar-se, até agora (e esperemos que até ao final das férias) o maior erro de planeamento. A quem esteja a planear férias na zona, se pensam visitar Viterbo, por favor, não o façam do modo como fizemos. Escolhemos um hotel perto de uma porta a sul da cidade e tal erro revelou-se grande demais. Apesar das imagens na net serem bonitinhas, lá dentro esse "bonito" perde-se entre prédios feios, mau ambiente, sujidade, prostitutas (quase a cada esquina). O hotel, Baletti Palace Hotel, era de quatro estrelas mas já tinha tido, com certeza, melhores dias. Tudo lá dentro se encontrava num estado decadente e mesmo o restaurante do mesmo, onde acabámos por jantar por não encontrarmos nenhum local onde nos sentíssemos seguros e bem na cidade, era mau em termos de comida... o que vale é que era barato. A sensação com que ficámos é que Viterbo terá, em tempos, sido uma terra bonita que, por algum mau planeamento ou organização, entrou em decadência. Não visitem, não vale a pena.
Civitá di Bagnoregio

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