terça-feira, 18 de agosto de 2009

Dia 18:


La Bella Venecia

Levantámos cedo para apanhar o comboio de Pádua para Veneza. Para a Beatriz foi logo uma alegria a ideia de ir andar de comboio pela primeira vez num a sério. Ficou ainda toda contente quando me apercebi que o seu primeiro dentinho definitivo estava, finalmente, a aparecer.

O meu espírito para ir ver Veneza era "de pé atrás”. Ouvi muitas vezes, como muitos terão ouvido, que não merece visita, que aquela ideia romântica que temos de Veneza se desvanece quando se chega lá e se apanha com milhares de turistas que nos impedem de ver as coisas e com o mau cheiro nos canais para onde, dizem, entram os esgotos. Indo para lá em Agosto e com temperaturas a rondar os 40 graus fiquei ainda mais preocupada, mas, e apesar do Nelson ter chegado a propor passarmos Veneza à frente eu sempre fiz questão de ir e também fazia de andar de gôndola, porque, afinal, é a única cidade onde isso pode acontecer. Em buscas pela Internet sempre li que os gondoleiros eram aldrabões, mal educados e que um passeio de gôndola, de 30 minutos, ficava entre 150 e 200 euros (100 se tivéssemos sorte). Assim ia preparada para tentar regatear os 100 euros.

A viagem de comboio até Veneza foi desinteressante mas logo ao sair da estação de destino deparamo-nos com um grande canal à nossa frente cheio de barcos e gôndolas. Não havia qualquer mau cheiro nos canais e turistas, havia muitos, claro. Esqueci-me deles ao seguir as placas para a piazza de S. Marcos. A cada curva havia uma surpresa. A cada ponte uma gôndola e uma imagem romântica e bonita. A cidade é mais do que os canais e gôndolas. A meio do caminho almoçamos, ao lado do Grande Canal. O almoço foi óptimo e bem italiano, apesar de termos sido atendidos por 2 indianos e uma chinesa. Enquanto estávamos a almoçar um pardalito pousou-nos descaradamente na mesa e dirigiu-se, como se nada se passasse ao prato da nossa filha de onde roubou uma tirinha de spaghetti a carbonora. Depois voltou, limpou o bico à toalha e voltou a roubar mais uns bocados.
A Piazza de S. Marcos e a Catedral são das coisas mais bonitas que já vi. A catedral é-o tanto por dentro como por fora, com muito dourado e uma grandeza extraordinária.
Decidimos ficar a tomar um refresco na piazza de S. Marcos. Foi o mais caro refresco da nossa vida mas que nos soube tão bem. Numa praça linda, com uma catedral maravilhosa à frente, um local de embarque das gôndolas e ainda o privilégio de música ao vivo, com piano, contrabaixo e dois saxofones.
Decidimos embarcar num autocarro (no caso será um autobarco ;) ) para ver o grande canal e voltar aos pequenos de modo a tentarmos a sorte para as gôndolas.
Já a pé, de passeio pelas zonas menos turísticas de Veneza encontrámos algumas igrejinhas simpáticas e um jardim com parque infantil. Regressámos à zona da estação para enveredarmos pelo caminho anterior e procurar as gôndolas. Vimos dois gondoleiros no final de uma pequena ponte e, hesitando, lá perguntámos quanto era o "giro". A resposta foi 80 euros. Achei que devia de ser por 5 minutos, ou algo assim... perguntei o tempo e o percurso. Disse-me entre 25 e 30 minutos passando um pouco no grande canal e indo para os pequenos. Nem procurámos mais e entrámos. O gondoleiro era uma simpatia, fez-nos visita guiada em espanhol e ainda cantou um bocadinho. Era giro vê-lo meter-se com os outros gondoleiros com quem se cruzava e até com as pessoas que conhecia. O passeio foi lindo. Foi um descobrir diferente de Veneza. Depois de me ter encantado pelas ruas a pé, cheias de magia ainda que cheias de turistas, entrei nas verdadeiras ruas de Veneza, sem o som de um motor. Éramos nós, o som da água e do gondoleiro. Como pano de fundo tínhamos o som de outros barcos e, ainda mais esbatido, o das ruas.
Não sei se a minha experiência de Veneza foi diferente da de tantos outros que leio e ouço muito negativas, mas eu senti Veneza como uma cidade única, porque o é, com tanta coisa bonita e, mesmo cheia de turistas, muito romântica.
Saídos da gôndola e dirigimo-nos à estação para apanhar o comboio de volta a Pádua, para ir embora daquela cidade mágica e única com um sorriso no rosto e a vontade de lá ficar.

1 comentário:

  1. Felizmente a experiência que vivi em Veneza foi muito parecida com a tua! Adorei também, foi dos sítios mais bonitos onde já estive... e não andei de gondola!

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