quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Dia 26


Fomos montanha fora em direcção a Ventimiglia, na Liguria, riviera italiana. Pelo caminho atravessámos a fronteira com França umas quantas vezes para delícias da nossa pequena que adorou a sensação de entrar e sair de um país em pouco tempo.

Chegados ao litoral italiano seguimos por Sanremo com destino a Busana Vecchia cuja história me fascinou logo que a li e não ia ficar bem se não fosse lá ver.

O caminho para Busana Vecchia foi um terror em termos de tempo, demorámos mais de uma hora a atravessar as terrinhas marginais (entre elas Sanremo) devido à quantidade enorme de trânsito. Por outro lado percebemos que, afinal, aquelas terras da riviera italiana não são tão feias como nos pareceram quando passámos, quase um mês antes, pela autoestrada e as vimos de cima. De cima vêem-se demasiadas estufas e casas velhas, lá dentro são, afinal, terras marginais normais, com um mar bonito e bastante agitação.

A estrada de ligação a Busana Vecchia (é mesmo só uma e a mesma de 1887) é estreita e com muitas curvas. Está, felizmente, alcatroada, mas assusta imenso porque, quando se olha pela janela tudo o que se vê é um abismo imenso... qualquer falha é a morte do artista.

Na chegada à aldeia, vítima de terramoto, estavam imensos carros estacionados visto que é impossível ir lá para dentro de carro (a terra está no mesmo estado de evolução há mais de 100 anos). Assim estacionámos a custo e dirigimo-nos a pé. Verificámos que fora do coração da Busana Vecchia já existem 1 ou 2 casas construídas recentemente. Para contrariar as reportagens que vi, onde se insinuava que as pessoas que tinham ocupado as casas de Busana Vecchia viviam sem apoios do estado, vi que tinham fornecimento de luz e água. A estrada, como disse anteriormente, estava alcatroada e havia recolha de lixo. Ou seja, existe o saneamento básico.

A terra estava arranjadinha dentro do possível numa terra que sofreu um terramoto e foi abandonada e não reconstruída. Imaginei como teria sido a sensação das primeiras pessoas a irem lá, nos anos 70, depois de quase 100 anos sem lá estar ninguém, e tentei perceber o que leva alguém a abandonar a sua vida e país (o primeiro a ir para lá era um pintor do Reino Unido) para ficar numa terra vítima de terramoto, com as casas destruídas, sem condições... e o que levou outros a segui-lo de modo a que, actualmente, Busana Vecchia seja uma terra com vida, com pequenos restaurantes e até um bed and breakfast, apesar de manter o seu ar abandonado e destruído. É até emocionante ver as casas sem telhado, a igreja em ruína (na foto) e as ruas estreitas e imaginar como se viveria ali um dia antes do terramoto. É incrível ver como a torre da igreja se aguentou a um terramoto, e imaginar como seria bonita aquela igreja onde ainda se conseguem vislumbrar alguns frescos.

Saídos da Busana Vecchia fomos então direitos ao nosso hotel em Ventimiglia. Um hotel mesmo mesmo à beira mar (era só atravessar a estrada).

Nesse dia seguimos uma torrente de gente que pensámos iam em direcção aos restaurante e jantámos numa pizzaria à beira mar, onde havia uma televisão a dar um jogo qualquer com o sporting (equipa do gajo da casa). A Beatriz pediu a sua pizza e viu a mesma a ser feita à sua frente. Enquanto comíamos começámos a ouvir fogo de artifício e percebemos que, afinal era para isso que todas as pessoas se dirigiam. Já o fogo se ouvia há uns bons 10 minutos quando, depois de ter terminado a minha pizza, decidi ir lá espreitar com a nossa pequenita. Durou mais uns bons 5 minutos e foi um fogo de artifício muito bonito por cima do mar mediterrâneo. Perguntei a uma italiana que estava perto de mim porque razão estava a haver um fogo de artifício tão grande e tanta gente o via, ela respondeu-me que era o fogo em homenagem a San Secondo, patrono de Ventimiglia... achei incrível que se fizesse um fogo de artifício de 15 minutos (no mínimo), daquelas dimensões, dedicado a um santo e ainda que tivessemos a pontaria de ir lá no dia de comemorações.

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